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                   VIAGEM  AO TOCANTINS    
                  Julho  de 1994    
                    
                  Uma  estrada longa, interminável! De Brasília a Paraiso de Tocantins, no rumo do  norte goiano, é um estirão de terras e poucas cidades. 
                    Preferimos o caminho de nossa chácara, por Cocalzinho, Corumbá de Goiás e  Pirenópolis, até alcançar a Belém-Brasília. Uma região de colinas e vales curtos,  parecendo tobogans, no planalto central. Infelizmente, o percurso entre  Pirenópolis e a BR-153 está com vários desvios, para as obras de recuperação  dos trechos destruídos pelo abandono dos últimos anos. Poeira e buracos. 
                    O jeep Lada Niva que eu comprei recentemente resultou adequado para a aventura.  Repletos de caixas com parte da mudança de minha sobrinha Maria da Graça para  assumir um novo emprego na capital tocantinense, saímos sem maiores  planos,  com vontade de conhecer o  caminho. 
                    Logo chegamos a Ceres / Rialma, onde Bernardo Sayão, no final dos anos 50,  revelou o seu talento desbravador.  Ele  próprio foi o responsável pela construção da estrada, convocado por Juscelino  Kubitschek, onde morreu vítima de um acidente, debaixo de uma árvore  gigantesca, durante o desmatamento. 
                    Como sempre, muitos caminhões na estrada. E imensos postos de gasolina, com  restaurantes e pousada. Boa e farta comida. 
                    Pernoitamos em Uruaçu, que está se tornando uma cidade muito boa, com mansões e  comércio sofisticado. Há mais de quinze anos que eu não a visitava. Mudou tudo,  ficou irreconhecível. Ruas bem arborizadas e um muito iluminadas, um comércio  variado e próspero. Por certo, compramos para nós roupas confeccionadas  localmente e para dar de presente, a preços razoáveis. Um design moderno,  jovem.  
                    E voltamos à estrada.  
                    Em Porangatú, as mansões dos novos ricos adornam as margens da lagoa e o centro  da cidade é moderno e dinâmico.  
                    Até os lugarejos menores ostentam marcas de prosperidade, com hotéis e  agroindústrias, sítios e residências de luxo, onde começam a aparecer as  antenas de parabólicas. Sinais dos tempos . E parques de exposições para os  leilões de gado.  
                    A estrada em Tocantins — o “Estado da Livre Iniciativa” tem um posto fiscal  imponente. Mas logo a estrada resulta esburacada e perigosa. Uma estrada só  buracos. Mais de cem quilômetros de sufoco e desconforto, sem contar o desvio  de terra batida e poeirenta. Batalhões de operários tapando os buracos com  barro, até as proximidades de Gurupi. Dali até Paraiso de Tocantins era um reta  só. 
                    Foram umas dezesseis horas de viagem, contando o desespero de ter que retroceder  dezesseis quilômetros para reabastecer o carro, até ao posto de Aliança. Estava  o tanque de combustível no limite  da  reserva, e não seria possível seguir até ao posto seguinte, a 45 km.  Coisas de viagem que enfrentamos com  estoicismo.  Afinal, encaramos tudo como  um passeio de férias, sem pressões e precipitações. 
                    O objetivo principal era alugar uma casa em Paraíso, para definir a estratégia  de mudança definitiva. E tivemos sorte, no dia seguinte, de conseguir uma bem  próxima do local de trabalho de Maria da Graça. Pequena, com um bom muro,  simpática. E barata. Alugada em qualquer dificuldade e formalidade. 
                    Ficamos surpreendido com o ritmo de crescimento da cidade. Umas mil obras dão a  ideia de seu dinamismo. Muita gente chegando, empregados para novos professores  da universidade em formação, funcionários concursados para as repartições  públicas.  
                    Muitos bares e restaurante, bastante movimento na vida noturna. Um padrão de  vida relativamente alo, considerando o caso de uma cidade do interior, pequena  (só mil habitantes), distante dos grandes centros. Uma cidade jovem, com seus  moradores. Muitos goianos, e nordestinos. 
                    Fantástica foi a visita a Palmas, a nova capital. De Paraiso vai-se até ao rio  Tocantins por uma estrada asfaltada até as balsas da travessia. O majestoso  rio  desliza preguiçosamente nesta época  do inverno e estio. São 62 quilômetros, em reta até a cidade, em edificação  junto à chapada montanhosa. Um cenário dantesco (ou cinematográfico?). Ruas e  avenidas muito largas, edifícios públicos monumentais (que lembra os de  Brasília, apesar dos traços pós-modernistas). Muitas construções, muita poeira.  Só agora estão implantando os gramados e jardins.  
                    Barracas de construção, tapumes de  madeira, um canteiro de obras. Como a Brasília dos anos 60, logo depois de sua  inauguração, guardadas as proporções. 
                    Cidade bonita, imponente, majestosa. 
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                    O regresso, dois dias depois, foi mais tranquilo se fácil. Era sábado e dia do  jogo do Brasil na Copa do Mundo . Pouco movimento na estrada (agora só remendos,  depois da operação tapa-buracos).  
                    De tarde, então, era um vazio enorme. Na hora do jogo, eram raros os veículos  no asfalto. Parávamos nos postos de gasolina apenas para abastecer e saber domo  andava o jogo: o primeiro tempo foi tenso e indeciso. As equipes descobrindo e  analisando as fortalezas e debilidades dos adversários. 0 x 0. No segundo  tempo, Romário e Bebeto fizeram os gols do Brasil.  
                    Seguimos viagem tranquilos. Mais adiante soubemos, com nervosismo, do primeiro  gol da Holanda contra nós. Logo depois, um segundo gol, contra nós.  Seguimos viagem, tensos, angustiados. Pelo  menos eu, pois minha sobrinha não é fanática nem é de extroversões deste tipo.  Já na entrada da pista para Pirenópolis soubemos do gol do Brasil, decisivo  para a nossa vitória consagradora. Um alívio!  
                    O trajeto para a Chácara Irecê (nome de minha mãe!), onde íamos dormir, foi  tranquilo e feliz.  
   
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  Infelizmente, não tiramos fotos na época... Mostramos aqui, em 2024 como  a cidade vertiginosamente cresceu: 
    
                  
                    
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                  https://diariotocantinense.com.br/economia/2024/11/28/por-que-escolher-palmas-para-viver-capital-do-tocantins-combina-qualidade-de-vida-e-oportunidades/ 
                    
                   [Fundada em 1989, Palmas, a capital mais jovem  do Brasil, atrai cada vez mais pessoas que buscam qualidade de vida, segurança  e oportunidades. Com uma população estimada em mais de 300 mil habitantes, a  cidade se destaca por ser planejada, oferecer infraestrutura moderna e estar  rodeada de belezas naturais. Além disso, é reconhecida como uma das capitais  mais seguras do país.(Informação no DIÁRIO TOCANTINS ... 
                    Foto extraída da internet: 
                
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